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Foi na metade do ano de 2013, em um período de grande convulsão social no Brasil, nomeado por estudiosos como “Jornadas de Junho” (uma série de protestos organizados por jovens progressistas contra o aumento nas tarifas de transporte público nas principais capitais do país, e que depois passaram a incorporar outras pautas e outros segmentos da população), que Kátia Brasil foi demitida do jornal Folha de S.Paulo, lugar em que trabalhou por 13 anos como repórter. A jornalista estava cobrindo aquelas manifestações que tomavam diferentes cidades brasileiras, incluindo Manaus, sua base de trabalho (ela era correspondente da Folha na região Amazônica), quando enxergou uma grande instabilidade também dentro do campo jornalístico, com a demissão de dezenas de comunicadores.

 

O “passaralho”, o tão temido pássaro agressivo que passa em revoada destruindo tudo o que está em seu caminho, e que acabou virando jargão para definir as demissões em massa nas redações, visitou diferentes veículos naquele ano. Não demorou para voar pelo Grupo Abril, onde Aline Scherer atuava como repórter na Revista Exame. A jornalista trabalhou lá durante cinco anos, de 2014 a 2019, cobrindo a editoria de Gestão, Negócios e Sustentabilidade. Entretanto, no decorrer desse período, foi ficando cada vez mais difícil falar sobre agenda positiva e boas práticas na gestão de empresas, enquanto sua empregadora demitia colegas e funcionários de longa data na casa, sem pagar o que lhes devia. Também insatisfeita com seu salário, afora todas as dispensas sucessivas de amigos, Aline resolveu pedir demissão em prol da sua saúde mental e financeira. 

 

Foi assim que ela e Kátia passaram a seguir um caminho destoante daquele que pensaram na faculdade de Jornalismo. E elas não foram as únicas. 

Não é novidade que as vagas em redações estejam escassas. Há uma crise no modelo de negócio dos veículos tradicionais, em especial nos grandes jornais impressos, que tem resultado em sucessivos cortes de pessoal. Como ressalta a pesquisadora Patricia Mauricio, professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), no artigo “Crise no modelo de negócios do jornalismo: os casos da Infoglobo e The New York Times”, publicado na revista Eptic (publicação científica do Observatório de Economia e Comunicação, dos programas de pós-graduação em Comunicação e Economia, da Universidade Federal de Sergipe), “a internet trouxe a disrupção do modelo de negócios do jornalismo mercantilizado, principalmente por reduzir o valor da publicidade”.

As empresas da velha mídia tiveram de repensar suas estratégias comerciais, frente a esse cenário, ao passo que muitos jornalistas a cada dia partem para outras áreas de atuação, seja por terem sido dispensados, seja por opção própria, para estarem em um ambiente em que possam ter maior qualidade de vida e flexibilidade, e/ou trabalharem de forma mais independente, com temas em que acreditam.

Embora segundo a última pesquisa realizada pela Apex, em parceria com o Portal Comunique-se, em 2018, a partir de questionários respondidos por jornalistas brasileiros de todos os estados (e também aqueles atuantes no exterior), 51% dos profissionais da categoria atuem em redações tradicionais, esse ambiente jornalístico cada vez mais deixa de ser visto como principal opção de trabalho. As áreas de assessoria de imprensa e comunicação organizacional, atividades muitas vezes exercidas dentro de agências de comunicação, já há alguns anos ganham força. De acordo com a 11ª edição do Anuário de Comunicação Corporativa, divulgado em 2021, o setor das agências de comunicação faturou R$ 3 bilhões em 2020, empregando 

15.228 profissionais, a maioria jornalistas.

NOSSOS CURSOS

Um levantamento realizado em 2020 pela professora doutora Denise Paiero, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, com 112 egressos do curso de Jornalismo, também vai nessa direção. A análise teve o objetivo de avaliar como a formação recebida no curso e os desafios encontrados no mercado são percebidos por ex-alunos e ex-alunas e serviu também como base para um balanço a respeito dos caminhos que têm sido seguidos por eles. No levantamento, 20,5% dos entrevistados trabalham em redações jornalísticas, enquanto mais de 57% atuam em áreas relacionadas à Comunicação Corporativa, como em agências de Comunicação (15,2%), assessoria de Imprensa (7,1%), agências de Publicidade (6,3%) ou em outro tipo de empresa (28,6%). A pesquisa também aponta que 8,9% trabalham como freelancer ou empreendedor, e 13,4% estão fora da área de comunicação.

 

A seguir, você conhecerá mais sobre a história de Kátia, Aline e outros jornalistas que atuam em diferentes campos dessa profissão que, independentemente da área, exerce papel essencial em nossa sociedade.

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"EU SAÍ DA FACULDADE

sem sonhar com o que eu trabalho hoje"

“Eu saí da faculdade sem sonhar com o que eu trabalho hoje. Agora, eu acho que é diferente, muita gente nas faculdades de jornalismo já pensa em fazer assessoria. Mas no meu caso eu não queria, eu fui empurrada para esse segmento”, brinca a jornalista Camila Russi, que se formou em 1998 pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e, desde então, atua na área de assessoria de comunicação.

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Camila até chegou a trabalhar rapidamente em um jornal local de Bauru, mas logo veio para São Paulo tentar uma vaga de assessoria, por indicação de uma amiga. Mesmo sem saber do que se tratava e quais seriam as funções, topou o desafio e foi contratada.

 

“Na época não se falava muito desse ramo na faculdade. Eu até cheguei a ter uma disciplina de comunicação empresarial, mas era tudo na teoria e jamais trouxeram nessa aula o que era assessoria”, explica. Entre trancos e barrancos, a jornalista foi descobrindo as funções de um assessor e, com o passar do tempo, foi vendo o mercado jornalístico, incluindo o de assessoria, ser impactado pela internet. Enquanto antes seu trabalho praticamente limitava-se a intermediar o relacionamento do cliente com a imprensa, agora sua complexidade e carga de trabalho cresceram muito com o surgimento das redes sociais. 

“Aumentou meu trabalho, minha responsabilidade, mas não o meu salário. O que eu ofereço para os clientes não é mais assessoria de imprensa. Eu ofereço um plano de comunicação, que tem marketing, PR (do inglês public relations, ou relações públicas), comercial. Hoje eu enxergo a assessoria de imprensa somente como mais um item do que eu vou entregar para o cliente”, afirma. 

 

Apesar das dificuldades, Camilla enxerga que hoje o mercado de assessoria de comunicação no Brasil é vantajoso em comparação às redações, principalmente por conta do desejo das pessoas e instituições em alcançar e ficar mais próximos de seu público-alvo, “Na área de assessoria nunca tem crise. O que é engraçado, já que a gente vive de veículos que estão em crise. As marcas nunca precisaram tanto cuidar da parte de comunicação”, conclui. 

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Camila Russi

"O JORNALISMO É

um leque de possibildades"

"Eu sempre tive interesse pela comunicação organizacional e sempre foi uma possibilidade pra mim, principalmente quando eu tive contato com a disciplina na faculdade. E foi em uma oficina sobre o tema que acabei conseguindo meu primeiro emprego, por indicação de uma professora”. O depoimento é de Fernanda Botteghin, formada em 2016 pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), cuja graduação de Jornalismo oferece uma carga horária significativa para a área de comunicação corporativa. Quando ingressou na instituição, o curso de Jornalismo estava em seus primeiros anos, em processo de construção. Fernanda participou da criação da Agência Júnior de Comunicação, o que a ajudou muito a conhecer mais sobre a área. 

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Fernanda Botteghin

Ainda que tenha tido um bom apoio da faculdade, a jornalista afirma ter aprendido mais sobre a profissão no ambiente de trabalho, enfrentando experiências reais com diferentes clientes. Ela sentiu falta de algumas ferramentas e técnicas que teve de aprender com a mão na massa, e que poderiam ter sido ensinadas na graduação.

 

“Eu, inclusive, cheguei a passar um feedback pra faculdade, dizendo que queria ter tido pelo menos uma base de como eu analiso os resultados daquilo que eu estou comunicando, as métricas de performance”, esclarece. 

QUAIS SÃO AS 

atividades-chave de um comunicador corporativo?

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CHECAR

todas as notícias 
sobre o cliente e temas de interesse

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AGIR

de acordo com o plano macro da sua instituição em qualquer tarefa

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MANTER

contato com áreas relacionadas, como marketing e relações com investidores

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PENSAR

no melhor formato e canal para aquilo que você está comunicando 

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PREPARAR 

textos para discursos em eventos, 
apresentações e 
releases 

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ANALISAR

o que foi comunicado por meio das métricas de perfomances

Por mais que tenha optado por uma área diferente, a comunicadora acredita que aprender sobre a estrutura das grandes redações foi fundamental: “acho muito importante que o profissional da comunicação organizacional entenda a dinâmica das redações: o que é pauta, o que não é, e as diferenças entre uma vida e outra. A comunicação corporativa é diferente da vida na redação. Temos mais rotina e até mais estabilidade, eu diria”.

 

Hoje, Fernanda trabalha como analista de comunicação na Alpargatas, uma das maiores empresas calçadistas do país. Com passagem em outras empresas, também no mesmo ramo, a recém-formada sempre enxergou o jornalismo além da redação. “O jornalismo é um leque de possibilidades. Eu não fiz jornalismo para ir trabalhar na redação. Eu fiz porque eu queria ter um leque de possibilidades dentro da comunicação”, conclui. 

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"TEM QUE TER RESPONSABILIDADE

e ser muito verdadeiro com o que você faz"

Apesar de as áreas de assessoria de imprensa e comunicação corporativa oferecerem muitas vezes maiores salários e mais estabilidade do que as redações, há quem já tenha experimentado a atuação nelas, sem ter gostado.

“Eu saí da faculdade bem perdida, não sabia direito para onde ir, o que eu podia fazer com a minha formação. Eu só tinha experiência de ter trabalhado em assessoria e cheguei à conclusão que não queria essa área”, conta Natália Bridi, jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Quando me formei as coisas estavam engatinhando: não tinha smartphone, o YouTube estava no começo e a gente usava o Orkut ainda. Eu não tinha uma percepção do que eu ia começar a fazer”, complementa.

 

Mas logo o mundo digital, como plataforma de conteúdo, foi mostrando novas maneiras de praticar o jornalismo. Natália trabalhou durante (quase) toda a sua carreira na internet, no Omelete, um portal de entretenimento que expandiu seu canal de comunicação com o consumidor, através das redes sociais. 

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Natália Bridi

Insatisfeita na assessoria de imprensa em que trabalhava, a jornalista começou a ofertar textos para sites de cinema, por ser uma editoria que sempre amou (e tanto que a escolheu como temática para o seu TCC - Trabalho de Conclusão de Curso). Até que um dia, durante uma tentativa de procrastinação de suas tarefas, ela estava olhando o Twitter e apareceu uma vaga para trabalhar no Omelete. Como quem não tem nada a perder, enviou seu currículo e acabou sendo chamada para trabalhar na empresa.

 

Durante nove anos, Natália foi de repórter ao cargo de editora-chefe, sendo responsável por gerenciar a equipe de redação. Também atuava como crítica de cinema e TV, apresentadora e entrevistadora no canal Omelete, no YouTube, e nas páginas das redes sociais. E, enquanto trabalhava na empresa, pôde perceber diversas mudanças.

 

“Quando eu entrei, em 2011, até a minha saída, em 2020, a coisa mudou completamente. Não só como se consome esse tipo de conteúdo, de entretenimento, como você faz esse conteúdo, todas as coisas que você precisa pensar em relação a isso. Quando comecei, só se fazia notícia. Você publicava a notícia e twittava talvez. Eles nem pensavam no Facebook, no Instagram. Não era uma realidade ali pra esse tipo de conteúdo. Então, eu fui acompanhando uma evolução”, revela a produtora de conteúdo. 

 

Depois de deixar o Omelete, Natália aproveitou de sua influência nas redes sociais para continuar publicando conteúdo nas plataformas e agora possui um canal próprio de entretenimento, o Entre Migas, com duas colegas que também tiveram passagem pela empresa: Patrícia Gomes e Aline Diniz. Ela conta que, diferentemente do que faziam no Omelete, os temas do canal são mais por afinidade, ou seja, menos hard news. Elas buscam alcançar a audiência por meio de diversas plataformas, evoluindo de acordo com as inovações tecnológicas. 

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Entre Migas 

64,4 mil inscritos

“Antes, o que acontecia no jornalismo de entretenimento: você levava a informação e ela chegava no público por apenas uma via. Hoje não. Você atende o interesse. Se o seu consumidor utiliza mais o Instagram, você tem que publicar o seu conteúdo lá”, explica Natália.

 

Apesar das vantagens que a internet proporciona aos jornalistas e aos produtores de conteúdo, como a proximidade com o público e a linguagem informal, o mundo digital acaba tendo alguns algoritmos que podem não entregar o seu conteúdo pelo tema ou pela forma que ele foi criado, simplesmente por não estar seguindo o que está em alta, o que prejudica muito o engajamento. Por isso, muitas vezes, os criadores ficam atrelados às tendências e acabam perdendo a essência do conteúdo que entregam. 

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Natália Bridi

Filmes, séries, frases de efeito e coisas bonitas.

Apresentadora no #EntreMigas, estudante de design no @sopatechnicolor

“Eu, como consumidora, olho e acho chato demais ficar na mesma, tudo igual. Uma coisa que ocorre muito é que quando acontece uma tendência nova você tenta participar. Geralmente o que acontece é que você participa da tendência, mas para de tentar pensar em uma outra coisa fora dela. Por exemplo: tik tok é a rede do momento. Precisamos pensar como criar conteúdo para essa plataforma, de uma maneira que esteja fazendo sentido com a sua personalidade. Um ponto-chave é encontrar o jeito de fazer, a voz e forma de entender. Mas, se você só ficar respondendo a tendências, você nunca vai estar na frente. É um grande erro e uma coisa que acontece muito”, conta Natália. 

 

Por trabalhar há muitos anos na internet, Natália não se sente tanto como uma “jornalista”. Considera-se mais como uma produtora de conteúdo e influencer. Mas acredita que sua formação acadêmica foi essencial, por exemplo, por fornecer os valores da ética e da verdade na profissão, principalmente em sua relação com a publicidade. Ela explica que a parceria com marcas é inevitável hoje em dia, principalmente para sua renda, e que a chave para manter os “publis”, os posts patrocinados por marcas em redes sociais, é ser verdadeiro e ter afinidade com o que você está divulgando. 

 

"Você tem que ter responsabilidade, e ser muito verdadeiro com o que você faz, porque é a sua reputação. Se você não for, vai se perder e perder seu engajamento”, conclui.

"EU QUERIA FAZER NO JORNALISMO

o que eles fizeram no humor"

Assim como Natália, Mara Luquet, um dos principais nomes brasileiros do jornalismo de Finanças, enxergou nas novas tecnologias uma oportunidade para mudar de carreira. Não foi fácil sair da sua zona de conforto e projetar essa passagem para o jornalismo digital, principalmente por sua trajetória envolver empresas renomadas e que carregam consigo o peso do jornalismo tradicional. Formada em jornalismo em 1988, pela Universidade Gama Filho, ela passou pela redação da revista Veja, pelo jornal Folha de S.Paulo e pela TV Globo e o canal GloboNews. 

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Mara Luquet

Ao longo de sua carreira, especialmente no período em que trabalhou com audiovisual, Luquet se deparou com algumas situações que a fizeram repensar sobre o seu futuro no jornalismo. “Quando eu trabalhava no grupo Globo, tinha essa coisa das pessoas acharem que eu era uma celebridade, só porque eu aparecia na TV. Eu saía na rua e as pessoas pediam foto comigo, falavam que eu era famosa. Mas, eu não sou celebridade. Eu sou jornalista. E isso não acontecia comigo quando eu trabalhava no impresso, por exemplo”, explica Mara. 

 

Além disso, Mara buscava por um espaço em que não tivesse uma restrição de seus comentários e dos convidados, afinal a grade de programação dos canais de televisão limita o tempo de debate sobre determinado assunto.

Conversando com colegas de trabalho, amadureceu uma ideia de criar um canal de jornalismo independente no YouTube, já sabendo sobre a dimensão da plataforma.

 

“O Antônio Tabet tinha saído da TV Globo e montado o canal Porta dos Fundos. Eu vinha conversando bastante com ele e disse que queria fazer no jornalismo o que eles fizeram no humor”, relembra a jornalista. Assim, em 2018, depois de mais ou menos dois anos de conversa, nasceu o My News: canal que hoje conta com quase 500 mil inscritos na plataforma. 

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MyNews

484 mil inscritos

No ano seguinte, o MyNews virou um case estudado mundialmente e acabou sendo selecionado para dois projetos de jornalismo e inovação do Google: o Startup Lab, para aceleração de projetos de jornalismo no Brasil, e o GNI YouTube Sustainability Lab.

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canalmynews

MyNews

Canal de jornalismo independente que traz informações bem apuradas, análise de qualidade e diversidade de ideias.
Acesse o canal e o site

linktr.ee/canalmynews

Apesar do sucesso de canais como o MyNews, ainda há quem critique e duvide do jornalismo praticado em meios não tradicionais. Em resposta a isso, a jornalista esclarece: “eu não saí da redação. Eu fui pra outra redação. O MyNews é uma redação diferente. Do mesmo jeito que uma redação de jornal é diferente de uma redação de revista, que é diferente de uma redação de TV, que é diferente de rádio, mas são redações. Lá no MyNews somos todos jornalistas. Não temos nenhuma restrição do que podemos ou não falar, o nosso compromisso é com a verdade”.

 

Luquet critica o fato de algumas pessoas enxergarem a internet como “uma destruidora de empregos”: “Esquece o emprego. O emprego como existia no passado, não existe mais. Agora, se você quer fazer bons trabalhos, tem um campo enorme e a tecnologia é uma grande aliada”.

 

Ela destaca que é importante não ficar preso a modelos, principalmente os antigos. “Vá criando os seus próprios modelos. Essa coisa do jornalismo de redação, do telefone, de ficar presa numa redação, eu acho isso muito ruim e limitador. Isso pra mim não é jornalismo, isso é um emprego. Tem gente que quer emprego. Mas eu gosto do jornalismo mesmo, daquele que você sai, viaja, conta história, descobre história e hoje isso é possível, mais do que era na minha época”, conclui.

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"OS FREELAS FORAM SURGINDO 

um atrás do outro"

“Eu saí por recomendação médica. Tive Burnout [distúrbio emocional resultante de situações de trabalho desgastante]. Eu via isso acontecendo na minha volta, com amigas que tiveram Síndrome do Pânico e insônia. Percebi que tinha alguma coisa muito errada com o ambiente de trabalho, não só na Exame [revista], mas na Abril [editora] como um todo”, explica Aline Scherer, que se formou em Jornalismo em 2011, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e, desde então, sempre tinha trabalhado em redações tradicionais, passando por experiências locais, na TV aberta de Porto Alegre, até a Revista Exame, uma das maiores publicações de negócios no cenário nacional.

Ao longo de sua trajetória, e, principalmente na Exame, a jornalista entrou em um relacionamento sério com sua editoria favorita: ESG, do inglês Environmental, Social and Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança (ASG). Apesar de trabalhar com uma temática em que acreditava, sentia que ela não ganhava tanta importância e, sobretudo, espaço. 

 

Mesmo assim, conseguiu contornar a situação diversas vezes e emplacou algumas capas sobre o tema. Contudo, ao longo da reestruturação da editora Abril, oferecer aquele tipo de conteúdo lhe soava quase como uma hipocrisia: “A empresa demitiu funcionários sem lhes pagar o que devia. Gente que trabalhava na gráfica há 30 anos e teve que escolher entre colocar comida na mesa ou pagar pelo remédio do filho com Síndrome de Down, enquanto eu estava cobrindo sobre boas práticas na gestão de empresas. Aquilo me fazia muito mal”, confessa. 

 

Assim que saiu da Exame, a jornalista chegou a procurar por emprego em uma agência de comunicação, mas não se identificou com seu novo local de trabalho. A cultura da empresa era hostil, enquanto ela estava buscando por um lugar mais humano. 

 

“Fiquei sabendo que eu tinha ganhado uma bolsa para pós-graduação de jornalistas na FIA (Fundação Instituto de Administração), concedida pela B3, a Bolsa de Valores do Brasil, sobre o mercado financeiro. Nela você ficava uma semana do mês estudando de segunda a sábado, das 8h às 17h. Na entrevista para entrar na agência, eu já tinha avisado que estava concorrendo, e tentei uma negociação para trabalhar em horário alternativos e durante o fim de semana. Mesmo assim eles não me liberaram. Por conta disso também eu pedi demissão”, conta.

 

Em paralelo a todas essas mudanças, começaram a aparecer diversos freelas e a jornalista até recebeu uma proposta para formar uma sociedade na criação de uma agência. Aline, no entanto, percebeu que, se fosse seguir com a oferta em diante, estaria se envolvendo com aquilo que mais queria se distanciar, então optou por permanecer tocando a vida como empreendedora sola.

 

“Eu tinha acabado de perceber que cultura organizacional é algo muito importante. Eu já sabia pela minha cobertura jornalística, mas agora era por experiência própria. Apesar da oferta ter sido muito boa, e do meu possível sócio ser uma pessoa ótima, ele tinha uma cultura organizacional péssima”, explica a jornalista.

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Aline Scherer

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No vídeo, a jornalista menciona as tabelas de pisos e preços do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, que podem ser conferidas nos ícones abaixo:

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Valores de
referência de 

assessoria de
imprensa e comunicação
 

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Valores de
referência de 

texto

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Piso
salarial 

Aline não se arrepende de ter escolhido ser freelancer. É verdade que no começo não foi fácil, tanto por não ter ninguém que fazia o papel do editor, de dar dicas e tirar dúvidas, quanto pela disciplina financeira e a responsabilidade de tudo depender somente dela. Mas, aos poucos, começaram a aparecer os benefícios.

“Os freelas foram surgindo um atrás do outro. Hoje, eu consigo ganhar melhor do que se eu estivesse empregada nas opções que apareceram até agora. Eu tenho mais liberdade. E acho que trabalhar na maior revista de economia da América Latina me ajudou muito a chegar até aqui”, conclui.

"NÓS JÁ ESTAMOS

fazendo o futuro"

“Os temas da Amazônia, principalmente os que envolviam pessoas pobres, negras e indígenas, não tinham visibilidade na grande imprensa. Essa diversidade está vindo agora, por uma série de acontecimentos, mas nós enfrentávamos uma grande dificuldade para furar a bolha dos jornais e publicar determinados assuntos”, explica Kátia Brasil, jornalista que trabalhou durante 13 anos no jornal Folha de S.Paulo, cobrindo Manaus e outras localidades da região, e que hoje é diretora da agência de jornalismo investigativo Amazônia Real

 

Desde que estava na faculdade, Kátia sonhou em trabalhar em redações. Começou pela imprensa de Manaus, mas não foi bem acolhida. Teve problemas relacionados à violação da sua liberdade de expressão. A região da Amazônia é complexa, envolvendo grandes interesses de grupos políticos e econômicos e, muitas vezes, promiscuidade desses grupos com o ambiente jornalístico. Aqueles jornalistas que como Kátia tentam fazer um trabalho ético e de real interesse dos povos da região acabam enfrentando dificuldades. Kátia jurou que nunca mais voltaria a trabalhar na mídia local. Foi buscar emprego em um jornal de cobertura nacional, por acreditar que lá teria mais chance de falar dos problemas da Amazônia, e acabou encontrando uma vaga de repórter na Folha de S.Paulo. Lá, continuou fazendo cobertura sobre a região. No entanto, na maioria das vezes que alguma matéria sua ia ser publicada, um acontecimento bombástico revelava-se “mais importante” que seu texto. Conclusão: sua matéria ia para as últimas folhas do jornal, não recebendo o destaque merecido.  

“Comecei a perceber que a imprensa internacional cobria melhor a região que os grandes veículos brasileiros”, conta.

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Kátia Brasil

Além da dificuldade de impulsionar os temas deixados de lado, Kátia passou por um dos piores momentos do jornalismo brasileiro: o ano de 2013. Em meio às Jornadas de Junho, com manifestações pululando por todo o país, a jornalista de longo tempo na casa foi demitida, assim como centenas de colegas de profissão.

 

Durante esse mesmo período, uma amiga de longa data passou pela mesma experiência. Elaíze Farias trabalhava no jornal A Crítica, o maior do Amazonas, e escrevia sobre a mesma temática. Assim que soube que a amiga perdeu seu emprego, Kátia a incentivou a começar um blog, pelo menos para escrever sobre meio ambiente e povos indígenas, porque eram temas sobre os quais pouca gente falava.

Foi então que Elaíze se juntou com uma colega em comum, Liege Albuquerque, e com Kátia para criar uma agência de notícias independente sobre a região da Amazônia. A ideia rendeu muitos pensamentos e reflexões sobre o futuro, e demandou preparo das jornalistas, que estudaram sobre os diferentes modelos de negócios possíveis e buscaram apoio no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

 

Como tudo estava seguindo de acordo com o planejado, as mulheres resolveram compartilhar sua ideia com empresas presentes na região, em busca de apoio financeiro, já que a proposta era ser uma organização sem fins lucrativos. Nisso, se depararam com o preconceito com as mídias alternativas e com o descaso das temáticas que seriam abordadas. 

 

“As pessoas gostam de desqualificar as mídias independentes e alternativas como se fossem menores, e geralmente quem faz isso são as mídias tradicionais. Por trás das mídias alternativas estão jornalistas de qualidade. Eu trabalhei durante 13 anos na Folha e continuo sendo a mesma jornalista, sempre buscando a verdade e trabalhando com ética”, declara.

 

Em outubro de 2013 surgiu a Amazônia Real, agência de jornalismo independente e investigativa com o objetivo de dar visibilidade às populações e às questões da Amazônia. Os primeiros conteúdos foram produzidos ao longo do ano, logo após as demissões de Kátia e Elaíze, para que quando o site fosse ao ar já começasse informando. 

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@amazoniareal

Amazônia Real

Com o tempo, o projeto foi ganhando visibilidade e conseguiu seu primeiro financiador: a Fundação Ford. Desde 2014, a agência mantém uma parceria com a instituição para os gastos administrativos. E, hoje, após 8 anos, já contam com mais parcerias, entre elas a Aliança para o Clima e o Uso da Terra (CLUA), a organização Repórteres Sem Fronteiras e, a mais recente, um fundo de auxílio emergencial concedido pelo Google News em busca da cobertura da Covid-19 na região Amazônica. 

 

Desde de sua fundação, a Amazônia Real já recebeu diversos prêmios. No 16º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), realizado em setembro de 2021, Kátia e Elaíze foram homenageadas, pelo trabalho que tem sido feito pela agência. Elas têm muito orgulho da iniciativa. “Estamos fazendo o futuro. Estamos trabalhando com mídias digitais e publicando nossas notícias, um conteúdo exclusivo”, conclui. 

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"A SOLUÇÃO PARA 

recuperar o leitor perdido"

A partir dos relatos acima, podemos perceber alguns motivos para a escolha de um novo caminho dentro do jornalismo, entre eles: oferta de emprego, melhor remuneração, estabilidade, bem-estar, autonomia, vontade de inovar, possibilidade de trabalhar com temas relevantes, de forma transparente e independente, e, principalmente, a desvalorização da profissão nas redações.

Dennis de Oliveira, professor livre-docente em Jornalismo, Informação e Sociedade pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), autor dos livros "Jornalismo e Emancipação - Uma prática jornalística baseada em Paulo Freire" e "Iniciação dos Estudos de Jornalismo", levanta dois motivos principais para esse desmerecimento da profissão e a migração constante de profissionais para fora das redações tradicionais. O primeiro está ligado à crise no modelo democrático, já que o jornalismo é fruto da democracia e, atualmente, o governo brasileiro e seus apoiadores têm colocado este modelo em risco e ameaçado a imprensa em recorrentes ocasiões, além de espalharem fake news que destroem a imagem do jornalismo. 

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Dennis de Oliveira

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Jornalismo e Emancipação: Uma prática jornalística baseada em Paulo Freire

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Iniciação aos Estudos de Jornalismo

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O segundo refere-se à crise no modelo de negócio do jornalismo, citada anteriormente. Segundo Dennis, a estrutura do jornalismo tradicional não funciona mais devido às inovações tecnológicas e suas transformações na comunicação, como a mudança no perfil dos receptores. Além disso, a busca por outras formas de faturamento, diante da queda nos aportes publicitários e da perda de assinantes, faz com que os veículos fiquem cada vez mais atrelados a interesses que destoam das pautas importantes para a sociedade.

“As empresas de jornalismo não fazem mais só jornalismo. O jornalismo em seu modelo tradicional não consegue suprimir o faturamento necessário. Elas entram em outras ações de negócios, como o entretenimento; põem em xeque a própria credibilidade e a isenção da profissão jornalística. Na medida que são agentes do capital, elas passam a ter interesses empresariais, que governam a forma de abordar as notícias, o que fere os princípios jornalísticos de ética e interesse público”, adverte Dennis.

 

Para Dennis, a solução para tentar recuperar o leitor perdido é mexer na qualidade. “Essa lógica empresarial tosca que você observa nas empresas jornalísticas de ‘tá dando prejuízo a gente corta funcionário’ piora muito a qualidade. Essa é a grande questão. Se você está perdendo leitores, tem que aumentar a qualidade, e não diminuir. E, para isso, é preciso valorizar o jornalista.  Como você quer aumento da qualidade, se o trabalho fica cada dia mais precarizado? Se você chegar hoje em uma redação de grandes veículos de comunicação um jornalista faz quatro, cinco pautas por dia. É impossível fazer bem feito”, afirma.

O professor acredita que o diagnóstico que os jornais fazem hoje, de que a internet roubou os leitores, porque é gratuita, é incorreto. “Não houve uma migração automática da audiência do jornal impresso para a internet. Se você pegar sites na internet que têm hoje mais audiência, você verá que não são necessariamente sites jornalísticos. Se fosse assim, bastava todos os jornais migrarem para a internet que o problema estaria resolvido. Não é isso. Nós estamos tendo uma transferência da ideia de cidadão para consumidor. O que as plataformas digitais e de streamings fazem é dialogar com o sujeito consumidor, não o cidadão. Não estão pensando na relevância pública para que você tenha informações e dados. O que está acontecendo é uma mudança no paradigma desse sujeito, uma mudança filosófica que ocorre nesse sujeito na sociedade contemporânea. Por isso, esse cidadão não precisa ter informação”, esclarece o professor.

 

Diante de todas essas mudanças, Dennis comenta sobre o papel das universidades em formar os profissionais do futuro, afinal tudo começa no período acadêmico. Ele reforça sobre a importância dos valores do jornalismo. “O curso superior tem que formar um jornalista, um cara que entende o jornalismo como atividade e que vai ter a capacidade de se adaptar a várias situações. É claro que é importante saber as técnicas, mas é fundamental saber como se constrói conteúdo e o compromisso social que é preciso assumir como jornalista”, afirma Dennis.

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Por fim, quando questionado sobre o futuro do jornalismo, o professor responde com clareza: “O jornalista tem que voltar a ser jornalista. Fazer jornalismo não é fazer em jornal, não são as técnicas. Você pode fazer jornalismo até no WhatsApp, não é um problema tecnológico. A tecnologia apenas muda a linguagem. O jornalismo está ligado à ética e é a única atividade que se define por isso. Está ligado à relevância, ao compromisso público.Na medicina, por exemplo, você pode ter um bom médico, mas que é antiético. Já o jornalista antiético faz mal para o jornalismo. Faz mal, porque mente, porque divulga informações falsas, e não segue seus princípios. No jornalismo, qualidade e ética são coisas que se combinam mutuamente. E tem que voltar a ser isso; tem que ter compromisso com o interesse público. Um bom jornalista é aquele que entende a realidade em sua multiplicidade”, conclui.

"A MIGRAÇÃO DOS 

jornalistas é boa"

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José Augusto Lobato

O coordenador dos cursos de Comunicação e Cinema da Universidade São Judas, José Augusto Mendes Lobato, também acredita que a prioridade, em quaisquer das áreas que o profissional de jornalismo venha a atuar, é a qualidade. “Acho que a gente chegou no ponto máximo da curva da velocidade noticiosa. Agora temos que voltar a percorrer a qualidade, buscar uma cobertura que dê conta da complexidade das questões do nosso mundo”, argumenta. E ele destaca como exemplo de um jornalismo mais aprofundado e coerente com o papel social da área o gênero grande reportagem, que também é feito pela mídia tradicional, inclusive na internet.  “A gente tem as grandes reportagens multimídia sendo produzidas pelas mídias tradicionais, mostrando que a multimodalidade combina com os meios digitais. É preciso seguir nesse caminho”, comenta.

Jornalista, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo (PPGCOM- USP) e pós-doutor no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi, José Augusto Lobato é co-autor dos livros

"Televisão e narrativas digitais: práticas culturais e de consumo na contemporaneidade"  e "Mídia, experiência e interação: leituras críticas sobre a comunicação"; além de ser sócio e coordenador de conteúdo na consultoria Report Sustentabilidade

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"Televisão e narrativas digitais: práticas culturais e de consumo na contemporaneidade"

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"Mídia, experiência e interação: leituras críticas sobre a comunicação"

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Por possuir uma carreira versátil, passando por diversas áreas do jornalismo (antes de atuar na comunicação corporativa trabalhou em redações da grande imprensa, como a da Folha de S.Paulo), o professor ressalta a importância da difusão de conteúdos diversificados nos currículos das faculdades, que deem conta das várias demandas do mercado, e de ferramentas que propiciem ao aluno usar a tecnologia para aprofundar o conteúdo.

“Temos um problema em relação ao manuseio da tecnologia. Não do conceito, mas do usar, do saber fazer. O que eu quero dizer com isso? Programar, usar o HTML, gerenciar base de dados. Saber não apenas trabalhar com editoração e design, mas com edição de vídeo, com edição dinâmica. São conteúdos que eu acho que o curso de jornalismo precisa incorporar”, complementa.

Lobato faz uma comparação em relação ao curso de jornalismo nos Estados Unidos: “se você olhar o currículo das universidades americanas, os caras estão estudando transmídia, storytelling e aprendendo a programar, montando experiência de usuário voltada para a informação. Os cursos de jornalismo de hoje, que eu já lecionei e ainda leciono, não conseguem traduzir todo o potencial que temos como profissionais de informação, para que possamos utilizar a tecnologia a nosso favor. Esse é um ponto que o mundo atual precisa e que não conseguimos atender na formação universitária, tanto na faculdade particular quanto na pública”, diz o professor.

A estudante de jornalismo da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Jessica Ferreira, concorda com a visão do coordenador sobre o atual currículo das faculdades. A graduanda está no último semestre do curso e trabalha como estagiária de marketing na marca Havaianas.Em entrevista, ela contou sobre as dificuldades que encontrou ao entrar no mundo corporativo e como acredita que algumas disciplinas são essenciais para o jornalismo do futuro. Confira no áudio abaixo as suas principais conclusões.

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Quer saber mais sobre a Jessica e o currículo das faculdades de jornalismo?

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Ele acredita que os novos campos de atuação jornalística, incluindo as mídias digitais, são positivos para os profissionais da área e que vêm para agregar em termos de vagas no mercado de trabalho. Mas, como Dennis de Oliveira, ressalta que a estética e a tecnologia, marcantes em muitos desses novos campos, não podem ser mais valorizadas que os pilares éticos da profissão.  “A demanda por conteúdo e informação qualificada é constante. Então, a migração dos jornalistas das redações para esses novos campos, sob esse ponto de vista, é boa. Mostra que existem contribuições que podemos fazer em outras áreas, mostra que temos para onde ir e temos como atender essa demanda em diferentes lugares. Nós temos muitas possibilidades criativas de elaboração de conteúdo e isso não desmerece a pertinência e a importância do campo tradicional do jornalismo. E tudo isso deve ser feito priorizando os preceitos éticos e deontológicos da nossa profissão. Esses novos campos estão aí e precisam existir, e que bom que existem”, conclui.

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